Agenda

SILVESTRE aspira a uma aproximação à terra, ao chão, àquilo que habita as camadas geológicas, a um planeta vivo e fremente. Mas SILVESTRE é também a afirmação da potência da simples ação de caminhar, como exercício de autotransformação face à paisagem que flui. Privilegiando intervenções em espaços florestais e ajardinados, o Festival será também um modo de celebrar a primavera valorizando esse outro lado do património de uma grande metrópole.

Como é que os artistas de dança e os performers pensam e agem face ao problema dos desequilíbrios ambientais? Como é que dão corpo a uma ecologia profunda, participando nas ações de denúncia, de resistência, de revolta ou simplesmente de reencontro e de afinação com o entorno? Que respiração as artes performativas fomentam atualmente, na chamada era do antropoceno, hoje, que estamos nas “vésperas” da impossibilidade de respirar? Partindo da conceção de uma matéria vibrátil e de uma ecologia não binária, as propostas performativas, as oficinas e os debates que SILVESTRE acolhe pretendem contribuir para a consciência de que os seres humanos participam numa rede que tanto nos liga aos cães como nos liga aos vírus, tanto nos liga às árvores quanto aos fungos. Trata-se, pois, de buscar globalmente uma afinação com o mundo mais-que-humano. 

A criação das propostas artísticas é desenvolvida em contexto site-specific, englobando momentos de residência e apresentação. Pretende-se aprofundar os processos criativos, colocando artistas da dança e investigação. em relação e cocriação. Reúnem-se diversas propostas de artistas com identidades e abordagens singulares nomeadamente.